Surfando na Onda da Dor

Após um fim de semana intenso de treinamento, falando para várias pessoas sobre propósito e objetivos de vida, me percebi questionando sobre o porquê das pessoas se conectarem tão facilmente as suas dores e a imensa dificuldade em viver pelo prazer.

Minha primeira pesquisa foi a palavra propósito, aproveitando a brilhante matéria publicada em uma revista de grande circulação no Brasil, e para a minha surpresa em um estado grande como São Paulo a busca por esta questão está abaixo de 55%. Diante deste resultado resolvi fazer um comparativo com a palavra depressão.

E os dados, como você pode verificar a seguir, foram simplesmente assustadores.

Proposito 12%

Depressão 88%

Não satisfeito com os números resolvi adicionar mais uma variável a pesquisa, incluí então a palavra ansiedade, veja o que acontece:

Proposito diminui para 12%

Depressão cai para 43%

Ansiedade salta para 51%

Como demonstra o gráfico acima.

Estes dados reforçam no Brasil o desenvolvimento acelerado da indústria da Auto Ajuda, o que tem gerado o surgimento de “gurus”, promessas de cura e salvação.

Aqui também se encaixa o número crescente de aberturas de igrejas com as mais variadas nomenclaturas, porém com o foco principal de surfar na onda das dores emocionais.

Sim, precisamos buscar conhecimento e evolução constante, porém não podemos mais nos alimentar-nos da indústria da dor, é possível encontrar o propósito de nossas vidas. Não estamos no mundo para sofrer e muito menos para se alimentar de uma falsa motivação, acreditando que ficar gritando Yes, yes, yes, várias vezes ao dia, transformará nossas vidas. Já temos cortisol suficiente no sangue, será que é necessário mesmo produzir mais?

Alguns profissionais autodeclarados como Coaches, tem utilizado deste “tipo de técnica” para vender “fórmulas de alegria e sucesso” e é através destas praticas que podemos compreender o por que um processo tão sério em outros países, tem se banalizado cada dia mais no Brasil, em razão de pessoas que estão usando os dados de um país, que tem como foco principal as dores, para promover a esperança de curas imediatas.

Sim, eu acredito e defendo que seja possível inspirar pessoas a olharem suas dores, mas não como fonte de alimento e sim como fonte de aprendizado.

Portanto, tome cuidado pois neste momento alguém pode estar se aproveitando da sua dor para lhe vender um analgésico caro e superficial.

Acredite, você possui um talento único, foque em um propósito de vida.

E quem sabe São Paulo possa um dia chegar aos números de Quebec no Canada, em que 100% da energia da população está fixada nos propósitos e nos objetivos claros.

Para Sri Prem Baba “Todos e cada um de nós viemos para este mundo com uma missão, um proposito a ser realizado. E apesar de, na superfície, não sermos iguais e termos diferentes qualidades, estamos unidos por um proposito único que, em última instância, é a expansão da consciência”

Portanto bora ser feliz dar um basta a indústria da dor!

Prof. Dr. Wilson Nascimento

CEO da Ehumanas